sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Onde circula arte, educação, esperança, dedicação



Desde o meu primeiro Circulando eu digo para o meu amigo Mario Bands que vou escrever algo sobre o evento. Sempre me emociono com cada percepção, com cada pessoa que conheço quando vou lá, com cada coisa que acontece. Tenho até uma certa dificuldade em descrever esse vendaval de sentimentos e sensações.


Na 5ª edição do Circulando não foi tão diferente. A alegria em ver que o grande dia chegou é sempre a mesma, a minha felicidade em ver a carinha de satisfação do Bands, do David e de todos os feitores do evento também. Mas dessa vez tinha algo a mais: muita chuva, frio. Isso deu ao Circulando um toque mais acolhedor, que eu achava até que não seria possível. E foi. Vi claramente a fidelidade dos moradores e dos visitantes que adoram e vão prestigiar o evento, os amigos, a comunidade. Todos envolvidos numa harmônica energia.


Foi neste 30 de agosto chuvoso que eu ouvi do Sadrak “Sintam-se como se estivessem no quintal da casa de vocês”. E eu tenho que dizer, querido Sadrak: Eu sinto isso desde a primeira vez que pisei nessas ruas íngremes. Desde a primeira vez que vi um evento desses acontecer em meio a tanta desigualdade, injustiça social, preconceito existentes nessa babilônia selvagem. Desde a primeira vez que vi que vocês fazem arte encantadoramente bem, que trabalham em cima da realidade de vocês com muita sensibilidade, dedicação e amor. Desde que me senti acolhida por cada um, por cada olhar.


Na quinta edição do Circulando a Relatoria Nacional para o Direito Humano à Educação lançou o documento que mostra a real situação da educação do Complexo do Alemão. Essa foi mais uma vitória para a comunidade e um alerta para melhorias urgentes. Não por menos, o tema do evento foi “Direito à educação”. E claro, as crianças, alvo principal dessa carência. E elas mostraram que estão aí, cheias de vida, sedentas por conhecimento, cultura e arte.


Por conta da chuva, algumas atividades programadas tiveram que ser canceladas e outras transferidas. Mas nada disso impediu que o evento, mais uma vez, fosse um sucesso. Não impediu que as crianças, tão empolgadas e felizes participassem, que ajudassem a fazê-lo acontecer. Não impediu as bandas de reggae de sentirem a emoção que é tocar ali e nem dos mais inspirados e talentosos rappers de fazerem suas apresentações mostrando, sem maquiagem, a realidade vivida lá. Não impediu que o grupo de teatro fizesse uma apresentação com a interação de todas as crianças presentes. Não impediu os mais criativos grafiteiros de mostrarem sua arte, dando vida aos muros das ruas, ruelas e garagens.


O vocalista da banda Noção Rasta, André DY Oliveira, disse que tocar no Circulando 5 foi uma experiência única para a banda: “Foi muito especial para nós, primeiro porque foi a primeira vez que tocamos em um evento realizado na comunidade. Segundo porque no final do show tivemos o que, talvez, tenha sido o melhor pedido de bis das nossas vidas até aqui: um coro onde a maioria das vozes era de crianças.”
Circular pelas ruas do Alemão é uma delícia, é sentir a cada passo todas as boas vibrações contidas lá. É ver que o Complexo do Alemão vai muito, mas muito além do que vemos noticiar na grande mídia. É muito mais alegria, harmonia, arte, cultura, amor, esperança, perseverança, empenho, do que costumamos ver por aí. Faço um convite à todos a participarem do Circulando 6. Aos que ainda não foram, tenham a certeza de que será apenas o primeiro. Circular no Alemão é um vício! E eu já começo a sentir os sinais da abstinência. Que venha o próximo!

Observação: Ao fim deste singelo depoimento constato o que já tinha percebido: Por mais que eu fale e fale e fale é impossível para mim descrever a alegria e emoção que é participar do Circulando.


Patrícia Olivieri

sábado, 13 de setembro de 2008

Circulando em um mundo artístico


Nem a chuva impediu que as pessoas circulassem pelas ladeiras do Complexo do Alemão no sábado, 30 de agosto. Apesar de alguns reajustes na programação e transferência de espaços para realização de algumas atividades, como as oficinas de “contação” de histórias e material reciclável, a 5ª edição do Circulando foi um sucesso. Reunindo graffiti, música, teatro, literatura e muito diálogo, o evento transformou mais uma vez a favela em um museu da cultura urbana contemporânea com jovens construindo sua arte ao vivo nos muros de casas e bares e expondo suas telas dentro de galpões.

Olhar difundido através das lentes em papel fotográfico ou pela luz do projetor. Histórias narradas e interpretadas em versos arquitetados ao som do rap. Momentos que a comunidade parou para se olhar e se apresentar ao público de fora.

Criminalizada pelo jornalismo e por grandes produções televisivas e cinematográficas, a periferia só é conhecida realmente quando apresentada pelos seus próprios moradores. Fato que é observado com muito êxito no Circulando, projeto realizado pelo Grupo Sócio Cultural Raízes em Movimento, Observatório de Favelas, com o apoio de instituições locais e da própria comunidade, que constrói habilidades técnicas nos jovens para torná-los formadores de suas imagens e produtores de novos olhares sobre sua realidade. Através desta louvável iniciativa, a favela migra das páginas criminais para as culturais, como novo espaço de socialização e circulação de arte.

Corredor cultural

Já na subida da ladeira o espectador é recepcionado por rapazes muito simpáticos convidando para “só seguir em frente”. Com a rua fechada, sem kombis subindo e descendo para estreitar o percurso, surge a possibilidade de observar atentamente cada detalhe. Nem é preciso se preocupar com o caminho, todos os moradores guiam para os pontos do evento.

Primeira parada, na sede principal do Raízes em Movimento, mais conhecida como “R1”, Tiago Tosh recepciona o público para apreciarem sua primeira exposição.
O local foi transformado em uma instalação, onde seus quadros foram cuidadosamente compostos com desenhos grafitados nas paredes, convertendo o ambiente em um universo paralelo. Objetos como uma geladeira, onde as águas do rio pintado em seu corpo seguem pelo chão, desaguando na porta de saída. Interpostos com muito verde e folhas, valorizando o meio ambiente e a ação comunitária para sua preservação, os quadros retratam uma realidade comunitária de solidariedade, com bonequinhos “multiétnicos” entrelaçados. “Uma instalação que fala da necessidade de união para resgate da fauna e da flora, além de narrar a reciclagem dos homens e de seus produtos”, diz Tosh.

Continuando a subida para o Largo, ponto principal do evento, vê-se grafites em quase todos os muros. Uma favela colorida e idealizada por seus artistas. No meio do caminho uma teia de fotografia, onde cada foto reflete momentos do cotidiano da favela, ressaltando a idéia de espírito comum, de participação comunitária e da interdependência dos seres.

Todos cooperam e querem mais

As crianças são a alma do evento. Meninos e meninas atentos e muito espertos, correndo por todos os lados ávidos por participar. Interagem com os grafiteiros e com o público, ansiosos por contos e histórias. O dono do bar principal do Largo, seu Paulo, abriu as portas da sua garagem para o Circulando, onde inicialmente seria a Oficina de Contos. Devido a uma corrente de vento que poderia resfriar as crianças, a oficina foi transferida para a segunda sede do Raízes, mas as paredes da garagem viraram telas para os grafiteiros de Nova Iguaçu, renovando-as com tanta cor e criatividade através dos desenhos. A presença do público superou as mais otimistas expectativas, para divertimento da criançada que até ajudou no deslocamento do material.

Já pela noitinha, o Grupo de Teatro Joaquim 71 animou crianças e adultos com sua performance musical. Interativos, os atores desceram do palco e colocaram as crianças em cena. Em seguida, a música continuou, mas dessa vez em batidas graves e compassadas. É o rap narrando a realidade periférica. Letra forte e chocante sobre detalhes da rotina da favela. O som segue junto com o desejo de um próximo evento.


NUCCA
Colaborou: Marcela Alice
Estudante de Josnalismo e colaboradora do evento



sexta-feira, 15 de agosto de 2008

5º Circulando lança Relatório Sobre Educação no Alemão



5º Circulando lança Relatório Sobre Educação no Alemão

Relatório contendo análise da situação educacional no Alemão é lançado no Circulando, edição especial de Educação, dia 30 de agosto

A Relatoria Nacional para o Direito Humano à Educação lança no sábado, dia 30 de agosto, documento contendo análise sobre a situação educacional do conjunto de favelas do Alemão. O relatório, que foi entregue ao secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, no último dia 8, será apresentado à comunidade durante o Circulando, evento cultural promovido por um grupo moradores do Alemão.

O lançamento do relatório conta com apoio do Unicef e da Unesco e de um conjunto de organizações cariocas, entre elas o Comitê de Desenvolvimento da Serra da Misericórdia, Fase, Ibase, Observatório de Favelas, Raízes em Movimento, Justiça Global, Ação da Cidadania, Centro Bento Rubião/MNDH, Criola, Pastoral das Favelas, Sepe e AfroReggae.

Circulando – Direito à Educação
O Circulando, evento trimestral de arte e cultura, é promovido pelo Grupo Sócio-Cultural Raízes em Movimento e pelo Observatório de Favelas no conjunto de favelas do Alemão. Na edição do dia 30 de agosto, a Avenida Central do Morro do Alemão será fechada durante todo o evento e ocupada por diversos artistas locais e outros tantos de fora da comunidade.

O Circulando surgiu como um dos desdobramentos da Escola Popular de Comunicação Crítica da Maré. A partir dela, um grupo de jovens se reuniu no intuito de criar um instrumento de comunicação que pudesse intervir nas comunidades do Alemão. Assim, em maio de 2007 aconteceu a primeira edição do Circulando – Diálogo e Comunicação na Favela. Desde então, três eventos se seguiram, sempre em um local diferente da comunidade, reunindo mais de mil pessoas para apreciar e fazer arte no Alemão.

Para esta quinta edição, além do lançamento do relatório sobre a educação no Alemão, o Circulando contará com o já tradicional mutirão de grafite, uma trinca de soundsystems com Interferência Sistema de Som, Difusora Gambiarra e Mucambo - Aparelhagem de Som, shows musicais e diversas atividades culturais, como intervenções do coletivo de audiovisual Mate com Angu, intervenções artísticas, teatro de rua, exposições fotográficas, capoeira, malabarismo, oficinas de reciclagem e exibições de vídeo.

5º Circulando – Direito à Educação
www.eventocirculando.blogspot.com
Data: 30 de agosto
Horário: a partir das 10h (lançamento do relatório)
Local: Avenida Central (Morro do Alemão)

Contato
Marianna Araujo: (21) 9173-1947
Vitor de Castro: (21) 8187-7533
Davi Silva: (21) 9124-8044




terça-feira, 20 de maio de 2008

Entrevista com Alan Brum


Em entrevista ao Grupo Comunicação e Mobilização Social, Alan Brum Pinheiro, coordenador do Grupo Sócio Cultural Raízes em Movimento, fala a respeito do trabalho desenvolvido por jovens do Núcleo de Comunicação Crítica do Alemão, no Complexo do Alemão (RJ), que nasceu de uma parceria do Raízes em Movimento com o Observatório de Favelas, em 2006. Pinheiro também comenta o evento bimestral “Circulando”, que, com uma proposta de comunicação inclusiva, mobiliza moradores e gera novas formas de diálogo na comunidade e dessa com o meio externo.

O Complexo do Alemão está localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, entre os bairros de Ramos, Olaria, Inhaúma e Bonsucesso. Com uma população estimada em 300 mil habitantes, o Complexo é formado por 12 comunidades de baixa renda. A maioria da população é composta de crianças, adolescentes e jovens. Entre a população adulta, cerca da metade é analfabeta ou semi-analfabeta e muito discriminada por ser pobre, negra ou nordestina.

Mobilizadores COEP - De que forma o binômio comunicação e cultura pode criar novas formas de diálogo, em especial em comunidades de baixa renda?
Existe uma variedade enorme do conceito ‘cultura’, mas esse binômio se concretiza pelas expressões culturais que são formas de comunicação também. O Núcleo de Comunicação Crítica do Complexo do Alemão é um laboratório de experiências de comunicação endógena com pautas e matérias construídas por pessoas da própria comunidade do Complexo do Alemão. As formas de diálogo interno se dão de diversas formas: a construção da matéria que promove espaços de fala e valorização do pensar popular; os encontros-eventos realizados bimestralmente com o resultado das matérias (escritas, fotografadas, filmadas); e a repercussão desse processo pelos moradores que retorna como subsídio para as pautas seguintes. O meio externo, inicialmente, é mobilizado nos eventos. Isso possibilita a visibilidade da idéia do Núcleo. Porém devemos ampliar essa relação com maior estrutura física e de equipamentos para que possamos criar jornal, portais, entre outros.

Mobilizadores COEP - Como e quando surgiu o Núcleo de Comunicação Crítica do Alemão? Que tipo de trabalho os jovens realizam?
O Núcleo de Comunicação Crítica foi criado a partir da parceria do Grupo Sócio Cultural Raízes em Movimento com o Observatório de Favelas no segundo semestre de 2006. O Observatório de Favelas tem um processo de formação chamado ESPOCC – Escola Popular de Comunicação Crítica, que forma jovens de diversas comunidades do Rio de Janeiro nas áreas de jornalismo comunitário, fotografia e vídeo. Os Jovens do Complexo do Alemão capacitados por essa escola se agregaram a outros integrantes do Raízes em Movimento que já discutiam comunicação a partir da relação ‘consumismo exacerbado X violência’.

Mobilizadores COEP – E o que é e qual a proposta do Grupo Sócio Cultural Raízes em Movimento?
O Grupo Sócio Cultural Raízes em Movimento é uma instituição que nasceu há cinco anos com o propósito de trabalhar com as potencialidades humanas, como forma de construção de novas perspectivas de vida, sobretudo para a juventude. Já trabalhamos com esporte, musica e pré-vestibular. Atualmente, realizamos oficinas culturais e pesquisas sociais na comunidade do Complexo do Alemão. As oficinas mobilizam e identificam as potencialidades de cada participante, que são fortalecidas na linha de desenvolvimento humano.

A instituição busca parcerias diversas para realizar cursos que possam trazer acréscimos para a formação de cada jovem, ou seja, para seu planejamento individual de desenvolvimento. Paralelamente, buscamos alternativas de geração de renda por meio das produções de cada participante (painéis de graffiti, identidade visual, capas de revista, fotografia, desenho e ilustração), assim como o desenvolvimento artístico, com encontros semanais de aprofundamento e exposições de arte.

Outra vertente é a área de pesquisa de dados socioeconômicos da região que iniciamos há quatro meses, mas carece de apoio para as análises devidas. Essas pesquisas têm como finalidade acompanhar e qualificar as políticas públicas e subsidiar o controle social na região. Atualmente, o Raízes em Movimento não possui financiamento para levar adiante a proposta de desenvolvimento local. Essa segunda vertente poderia alavancar de forma consistente a melhoria da qualidade de vida no Complexo do Alemão.

Mobilizadores COEP – O que é o “Circulando” e como surgiu a idéia de criar esse evento?
O “Circulando” é um evento bimestral itinerante, que teve sua estréia no dia 31 de março, no Morro do Alemão. A iniciativa visa possibilitar que organizadores, moradores do Alemão e visitantes possam criar ou ampliar suas formas de comunicação e diversificar as informações trocadas. Além disso, quer apresentar as favelas como um lugar de criação e criatividade, apresentando outros aspectos da realidade local, que não a violência. E também potencializar a comunicação na favela, contribuindo para que os discursos lá elaborados se propaguem em outros pontos da cidade.

O nome “Circulando” está diretamente relacionado com a comunicação dialógica que o evento prega. O termo sugere aos moradores do complexo e aos visitantes que “circulam” pela comunidade, que quebrem a rotina, vejam com outros olhos, se exponham para conhecer e comuniquem-se para serem conhecidos. Nesse primeiro ano, a proposta é realizar um trabalho de comunicação inclusiva que possa tratar do contexto social em que os moradores do Complexo do Alemão estão inseridos. Assim, acreditamos que estaremos estimulando reflexões relativamente mais profundas, podendo surgir nesse ambientes idéias e ações que contribuam para uma mudança social.

Hoje, o Circulando tem o envolvimento de sete instituições locais – Instituto Nacional de Iniciativas Sociais (Inis); Movimento Cultural Social (MCS); ONG Verdejar; Éfeta; Centro de Referência de Saúde da Mulher (Cresam); Manancial; e Programa Saúde da Família (PSF) – e cinco extra-locais – Centro de Promoção da Saúde (Cedaps); Fórum Estadual de Juventudes do Rio de Janeiro; SESC- Rio; Movimento ‘Diga não ao Caveirão’; e Bairros do Mundo. Mas, a concepção e o desenvolvimento da proposta são feitos pelo Raízes em Movimento e pelo Observatório de Favelas.

Mobilizadores COEP - Que tipo de linguagens de comunicação foram usados para a edição de estréia do “Circulando”, no Morro do Alemão?
Foram expostos diversos trabalhos por artistas de várias comunidades, mas principalmente das favelas do Complexo do Alemão, e realizadas oficinas. Foram três exposições temáticas de fotografia; lançamento da Galeria a Céu Aberto do Alemão com mais de 70 painéis de graffiti na rua principal da favela; oficina Protagonismo da Juventude, onde foi discutido os espaços possíveis de atuação da juventude em relação às temáticas que os envolvem; dinâmica de diagnóstico social juvenil; oficina de foto pin-hole (técnica artesanal de fotografia); pufe de garrafas pet; e origami. Tivemos também apresentações culturais da escola de samba mirim, apresentação de rap free style e música anos 70 e 80. Foram realizadas ainda atividades de jornalismo, fotografia e vídeo que serão apresentadas no próximo Circulando.

Mobilizadores COEP - Como você avalia o evento?
Tínhamos alguns propósitos que alcançamos com sucesso: grande mobilização e participação dos moradores; articulação com parceiros externos e internos; passar a mensagem de construção coletiva de uma comunicação endógena, além do envolvimento dos moradores próximos, que emprestaram suas lajes para oficinas, e os comerciantes que garantiram uma boa parte de infra-estrutura. Isso foi alcançado, mas devemos buscar mais apoio logístico para termos maior autonomia e menos improviso, mesmo sabendo que são os improvisos que nos fazem superar dificuldades momentâneas. Trabalharemos mais com a mobilização interna também, apesar de ter sido boa. Para as próximas etapas iremos considerar as discussões acumuladas pelos grupos sociais da comunidade.

Mobilizadores COEP - A edição de estréia do “Circulando” teve o mote “Comunicação e diálogo na favela”. Qual será o mote da próxima edição do evento?
Ainda estamos em construção do próximo evento, mas deve ter uma discussão mais forte na área de meio ambiente, com o apoio da ONG local Verdejar. Foi decretado pela prefeitura o Parque Ecológico da Serra da Misericórdia, onde se localiza o Complexo do Alemão. Discordamos do decreto que, entre outras coisas, favorece a pedreira Lafarge, que explora a região há muitos anos, e está dividindo o Complexo do Alemão ao meio.

O Complexo do Alemão possui uma grande área ocupada por moradias, outra área de reflorestamento e uma terceira onde a pedreira atua, desde antes da ocupação humana da região. Uma das lutas locais é conseguir parar as atividades dessa pedreira, com o propósito de melhoria da qualidade de vida local. Estamos consolidando o “Comitê de Desenvolvimento Local” com as instituições da região para avançarmos na interlocução participativa das políticas públicas locais.

Fonte: Mobilizadores COEP

terça-feira, 8 de abril de 2008

De novo Circulando...


Sábado, 5 de abril, o Complexo do Alemão parou mais uma vez para prestigiar o evento Circulando – Diálogos e comunicação na favela. Desta vez a “ocupação” foi na rua Sebastião de Carvalho, a qual ficou tomada por uma série de atividades que complementavam a qualidade da ação que acontece periodicamente naquela região. O Circulando trouxe, mais uma vez, um leque de expressões artísticas e culturais que culminaram na presença e na participação maciça da comunidade e de pessoas que vieram de fora, inclusive de outras regiões brasileira.

A quarta edição do Circulando foi especial. Pôde-se mostrar que, se feito com compromisso, é possível realizar atividades que mobilizam, e resgatam nossa cultura e fortalecem os atores locais. A prova disto está na parceria entre Raízes em Movimento e Fase, gerando a primeira mostra fotográfica de Maycon Brum, a exposição “Elemento 6º”. Outro ponto culminante do evento foi a formatura dos jovens que participaram, durante quatro meses, do Projeto Motirô, iniciativa realizada coletivamente entre Sesc Ramos e Raízes.

Não é fácil esquecer das apresentações musicais, em particular a da Re.Fem e sua companheira Joy C que, com letras que questionam os maus tratos com mulheres, conquistaram boa parte do público, principalmente a feminina. E para enriquecer esses momentos, contamos com projeções de vídeos e fotografias numa tela de, aproximadamente, 4x4m. Criou-se um verdadeiro ambiente cultural e comunicacional.

A diversidade foi um dos pontos principais daquele sábado. Eram pessoas de diversos lugares do Brasil. As manifestações culturais eram múltiplas e se misturavam. Um grupo de 42 pessoas, formado pela ONG Anjos e Querubins, veio de Pelotas – RS para compor com a festa e mostrar para o Complexo do Alemão um pouco de sua cultura local. Foi um momento de muita confraternização e troca. Este pessoal estão de parabéns.

Na realidade, todos estão de parabéns. A organização desta atividade linda e comprometida com seus ideais de manter um diálogo mais próximo com as comunidades, os participantes que saem de suas casas para prestigiar o evento, os colaboradores que muitas vezes trabalham sem retorno financeiro, aos grafiteiros que sempre, com cores e traços fortes, trazem alegria para a criançada, enfim, parabéns a todos e todas que, mais uma vez, possibilitaram esse momento mágico que é Circular pelo Alemão.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

4ª Edição do Circulando no Alemão dia 5


O Núcleo de Comunicação Crítica do Alemão promove no próximo dia 5 de abril, sábado, a quarta edição do “Circulando – diálogo e comunicação na favela”. O evento reúne diversos artistas locais e também de fora da comunidade que desde maio do ano passado se encontram para fazer uma verdadeira mostra cultural nas ruas do Complexo do Alemão.

Para esta primeira edição de 2008, além do tradicional mutirão de graffiti e do hip-hop, farão parte do Circulando as atividades de encerramento do projeto Motirô, realizado pelo Grupo Sócio-Cultural Raízes em Movimento junto ao SESC.

As ações do Circulando incluem exibições de vídeos, oficinas de artesanato e ainda uma exposição de fotografia sobre o tema Direitos Humanos, assinada por Maycon Brum. Maycon é morador do Alemão e a exposição é apoiada pela Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase). O evento contará, ainda, com shows da rapper Re.Fem e das bandas Ciclo Natural e Raiz da Paz.

O Circulando é promovido pelo Raízes em Movimento em parceria com o Observatório de Favelas. Nesta edição, o evento é apoiado por organizações locais como o Verdejar, o Grupo Éfeta, e a Ong Nascebem.

Circulando 4
Local: Rua Sebastião de Carvalho, esquina com Avenida Itararé
Conjunto de favelas do Alemão
Data: 5 de abril de 2008

Horário: A partir das 10h (mutirão de graffii), 14h (demais atividades)
Informações: 3104-4057 ou 8871 8398 (Alan)
www.raizesemmoviomento.org.br